Há 112 anos chegava ao fim a Guerra de Canudos. O massacre, que dizimou a população da pequena comunidade do interior da Bahia, não é muito lembrado hoje em dia. Na verdade, muitas pessoas que vivem no Sudeste confundem o que lá aconteceu com outras revoluções ocorridas no Nordeste, como Balaiada e Sabinada. Na Canudos de hoje, a guerra é confundida por muitos com a história do cangaceiro Lampião.
Fazia quatro anos que havia estado em Canudos pela última vez – a terceira de minha vida até então. Lembrava de coisas muito genéricas: as pessoas, o calor, as cabras, minha família. Sou filha de canudenses, cresci ouvindo sobre esse lugar épico, sua grandeza, sua tragédia, sua miséria, seu mistério. Desvendar o sertão...!? Só se for com a alma, porque as mãos, os pés e os olhos não dão conta...!
Como, em meu caso, era inviável conhecer todo o sertão nordestino, escolhi esta cidade para personificar a região. Afinal, embora existam particularidades, o sertão se diversifica pouco de um ponto a outro. O livro de Euclides da Cunha foi usado como inspiração, como forte referencial, já que nele há a descrição de como era o lugar, as pessoas, o clima, enfim, tudo que procurei observar nos dias de hoje. Visitei a grande maioria dos lugares que foram cenários da saga tão bem descrita pelo autor - Monte Santo, Uauá, Bendegó, Cumbe, Cocorobó e, claro, Canudos.
Ainda que eu alcançasse um grau de virtuosismo que certamente não alcançarei aqui seria impossível que ele traduzisse o que se passou. Como ser imparcial sendo parte do lugar?
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